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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A casa









Aaaaah, já moraram em um casa da qual gostavam muito? Eu já.


Era uma casa perfeita, com jardim enorme e com entrada pra casa na árvore, o meu esconderijo. Lareira na sala para esquentar as noites de inverno, chaminé que me fazia sonhar com o Papai-Noel em todos os 24 de dezembro. Eu amava aquela casa e as pessoas que comigo moravam. Já queimei o dedo por pegar na panela quente, quebrei o vaso importado da vovó e eles nunca me deram uma bronca. Não que eles me mimassem, mas eles queriam que eu aprendesse com os erros, sabiam me educar, me diziam pra não fazer de novo... Eu era pequena e eles entendiam... Eu não sabia como tratar das coisas direito, e eles me ensinavam tudo com uma paciência incrível.

Na casa tinha todo o tipo de pessoa... Desde engenheiro civil a auxiliar de limpeza, e todos conversavam e se cumprimentavam amigavelmente, sem distinção de classe social... Eu era quieta, eu era tímida, eu era pequenininha, eu não sabia direito o que falar nem de quem me aproximar... Mas todos eles me davam abertura para que eu pudesse sorrir, conversar e me sentir bem ali... Eles gostavam de mim, embora eu tivesse muito medo que não. Na casa tinha o chefe... o cabeça... Digamos que o... Pai. E todo mundo gostava dele... Ele era o melhor do mundo, o mais legal, mais compreensivo, mais amigo, mais divertido, mais humilde... era tudo que queremos que um chefe seja.

A casa em si era bonita e aconchegante, mas o que eu mais gostava era das pessoas, de conviver com elas, de tê-las sempre por perto, de poder ser útil à elas sempre que precisassem! Poder almoçar com elas, conversar um pouco, ouvir aquelas piadas e rir durante meia hora... E ficar ouvindo atrás da porta, os papos inteligentes que os mais velhos tinham... E tudo que eles discutiam... E eu pensava: “quando eu crescer, eu quero ser assim”. Eu era a mais jovem, eu era diferente deles por isso, e eles brincavam muito comigo... Chamavam-me de “Rockeira” e fazia uma algazarra em dias que eu não estava vestida de preto. Era divertido... Eles brincavam comigo, eles me faziam bem, me sentia à vontade por mais que conversássemos pouco. Eram pessoas maduras, inteligentes, de opinião, e muitas delas bem sucedidas e por isso e muitas outras coisas que eu os admirava e me espelhava neles.

Desde que eu comecei a morar na casa... Eu já sabia que ia ter que ir embora um dia... Mas não sabia que ia me apegar a ela daquela forma... Nunca pensei que ia gostar tanto daquela casa, posso até dizer que queria morar nela para sempre... Porque as pessoas das quais eu convivia, eram especiais. Mas o dia de ir chegou, passar minhas últimas horas na casa foi difícil principalmente por ter segurado o choro... Embora eu fosse ao banheiro sempre para colocá-lo pra fora, o momento que mais queria chorar era quando os abraçava… E sabia que ia ser o primeiro e último abraço. Era o abraço de despedida e isso doía muito e doía segurar as lágrimas. E chorei ao abraçar a Arlete. Não aguentei... Aquela foi a hora mais difícil... Tão doidinha, tão alegre, engraçada... Tão fã de rock nacional, rsrs... Aaah que saudades da Lete.

Na hora de sair, peguei minha pequena mochila, olhei pra trás, com uma dor enorme e lágrimas nos olhos sabendo que... Eu não voltaria ali novamente... Não pra morar e o que eu queria era morar ali... Não queria apenas fazer uma visita, queria ficar ali pra sempre. Mas a vida não é assim tão fácil e eu não pude escolher, eu tive que ir.

Eu superei bem a falta dela, mas é esses dias eu estive em outra casa e … Esse ambiente, essas pessoas, esse chefe, nada disso me agrada... Então eu sinto saudades da MINHA casa e penso: lá eu era feliz e ainda bem que eu sempre soube. É tudo tão diferente... Não tem aquela humildade, não tem aquela alegria, aquele ânimo... E isso me faz lembrar dela e sentir toda aquela falta enorme novamente... E estou novamente fazendo esforço pra não chorar mas é inevitável.

Felizmente estou saindo dessa também... Mas não posso ficar sem casa! Então já vou logo me preparando... Porque a próxima que eu for morar, também não será igual a ela.
Aquela era a “minha” casa, e eu nunca vou esquecê-la.



PS: Eu só queria fazer uma analogia, rs. Acho que consegui.

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